quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Operação Cafofo IV

E ao fim da luz que contemplou o primeiro dia,
Chegou a hora de conhecer o lado escuro,
Só tinha lâmpada no banheiro quem imaginaria
Que o ex morador iria carregar quase tudo

No tocante ao suporte à vida tem tudo perto,
De casa de massagem até lugar pra festa de família,
Então nesse começo está bem se não forem bem cobertos
Os primeiros sonos por falta de adequada mobília

Dá aquela sensação de estar em acampamento,
E de que em breve riremos de tudo isso,
O que também valoriza bastante o momento,
Faz querer eternizar de certa forma o compromisso

Os carros passam ecoando dentro do quarto,
Diferente do silêncio consagrado de outras eras,
Pra recuperar o nível de privacidade portanto não descarto,
Colocar um filme bem preto em todas essas janelas

Antes no meu mundo havia uma fonte inesgotável
Portanto ninguém regularmente se preocupava
Agora pra poder armazenar água potável
Só uma caixinha que mal enchia e esvaziava

E nesse primeiro dia como seria previsto
O banho foi gostoso mas sem aquecimento
Mais um item a marcá-lo como bem quisto
Registrando sem dúvida este querido movimento
Por aqui no inverno sinto que será sinistro
O vento assovia sem nenhum constrangimento

Que obviamente vai bem como entretenimento,
Aquele estado exótico que alegra a qualquer turista,
Nem em sonho faria disso um procedimento,
Do meu conforto sou um constante e ferrenho ativista

Ouço pombos entre vozes e comidas que meu nariz percebe,
Estão temperando arroz num aroma que à minha ignorância excede,
Não sei aliás qual parte disso preciso resolver primeiro,
A ausência de geladeira ou chão cagado por inteiro

Mas podemos deixar esse tópico para o dia seguinte,
De coisas para se fazer aqui tem muito mais de vinte,
Só elas já me farão suar e querer outro banho frio,
E se não funcionar, um jeito de resolver eu crio :)

Vamos ver o que mais reservam estas paredes,
Além dos furos na cozinha que precisarei tapar,
Tomara que elas aguentem algumas redes,
Taí uma coisa que adoraria por aqui instalar

Os sons esparsos vão deixando enfim espaço,
Para o sono chegar e ocupar com seu cativo traço,
Amanhã tem mais nem preciso pensar no quê,
Pra tudo quanto é lado tem coisa pra não esquecer...

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