quarta-feira, 30 de julho de 2014

Se vc nao gostou...vai pra Zona sul

Nesses dias de Zona Sul e carro em casa, o transporte público pode ser uma ótima solução...ou não...

Não importa de onde ele vem,
Nem se lugar pra entrar ele tem,
Você reza para nunca ficar sem,
Enquanto arruma um espaço no trem

Seja no modelo antigo ou do novo,
Certamente sofrerá bastante esse povo,
Com todo esse sacrifício me comovo,
Começa o dia assim e de noite vai de novo

Me pergunto quem será o canalha,
Que ignora a pessoa que trabalha,
Descuida a estrutura dessa malha,
Zomba ilude promete e ainda metralha

Um simples deslocamento parece insano,
Ir na hora do rush é realmente desumano,
Onde acha-se que não cabe um vão três,
Se tiver atraso ou quebra ai ferrou de vez

Hoje de manhã tive uma experiência como essa,
Minha sorte é que no meu caso era sem pressa,
Tinha horário sim para chegar no trabalho,
Mas naquele cenário ruim? Vai pro c*r*lho..

Deixei o primeiro metrô passar esperando melhor sorte,
Me arrasei ao ver o outro chegar, pareciam fugidos da morte,
Só infiltrei pra não piorar afinal provavelmente o chefe se importe,
Constatei que era sem ar e me senti um típico gado de corte

Eis que nesse caos uma coisa chama a atenção,
No meio daquele monte de homem saindo pelo ladrão,
Num gesto de coragem uma menina difere na paisagem,
Se espremendo na porta tenta guerreira seguir a viagem

Ainda bem que não sofro de claustrofobia,
Se tenho meia tendência nem sei o que seria,
Quando achava que no vagão nada mais caberia,
Vem a Central e mostra o quanto me enganaria

Fomos todos praticamente espremidos pela massa,
Agora eu tenho certeza que aqui nada mais passa,
Continuar naquele sofrimento somente com raça,
Pois faltava muito pouco pra acontecer uma desgraça

Quis então o destino um novo desfecho,
Pouco pude fazer porque ali quase não me mexo,
Impelido pela enxurrada que dominou nosso espaço,
Fui parar na porta e quase esmago a menina num amasso

Constrangido peço desculpas e salvo ao menos o rosto,
Já que todo o resto tinha resistência em sentido oposto,
Tento me distrair e assim manter-me calmo,
Fazendo força pra separar nossas testas por no máximo um palmo

Chego a conclusão de que não tem muito remédio,
Dou graças por ela não achar que era assédio,
Pessoas descendo a coisa vai melhorando,
Foi legal perceber que continuava respirando

Na estação seguinte para minha surpresa,
Apesar de todo sufoco perrengue e tristeza,
Ela me sorri se despede e sai andando,
Era só o que me faltava: ainda tava gostando!

E pensar que isso tudo aconteceu só na ida,
Imagina isso todo dia rolando na sua vida,
Fico pensando na volta o que vem pela frente,
Muita calma nessa hora e boa sorte pra gente... :))

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