sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A lente da verdade...

Essa foi uma tensa que me aconteceu,
Que poderia atribuir facilmente a um "amigo meu",
Mas não tenho vergonha de contar já que o cérebro não esqueceu,
De uma noite reveladora em que um cidadão se comprometeu...

Era um começo de relacionamento,
Com toda a pompa pertinente a situação,
Ainda nos cem por cento de aproveitamento,
Tudo certo para se fazer qualquer solicitação

E assim atendendo a um pedido inusitado,
Tive em minha casa um hóspede camuflado,
Era um grande amigo da minha namorada,
Pelo menos esta me fora a versão apresentada

Paralelo a isso naquele abafado fim de ano,
Também vieram sogra e cunhada se juntar ao grupo,
Tendo o reveillon na praia como pretenso plano,
Eu mal saberia mas me tornaria bendito o fruto

Vinte e quatro horas antes na saideira,
Todos na boate para alegria e bebedeira,
Eis que subitamente acontece uma mudança ligeira,
E o comportamento do menino se enche de besteira

Sob efeito da cachaça a verdade sempre se revela,
O rapaz paga de macho mas era de fato uma gazela,
Dando em cima de outro cara se viu desmascarado,
Disfarçou e voltou querendo dar uma de tarado

Queria investir na incrédula cunhada novinha,
Num claro sinal de quem perdia a linha,
Perplexas a mãe e a outra filha se olhavam,
Sem saber como reagir ao que seus olhos testemunhavam

Meu pensamento se dividia entre a proteção das três,
E a vontade de arrebentar ele de vez,
A zoação certamente deixaria pra mais tarde,
Não era hora de fazer mais nenhum alarde

O resumo da ópera é que a pessoa deu a louca,
E a contragosto a reboquei de volta pra casa,
Aturei mão na bunda e minha ira não era pouca,
Mas pelo racional é isso que a gente passa

A cena no amanhecer era triste por si só,
Contorcido e vomitado parecia ter dado um nó,
Por mais que eu tentasse não sacanear,
Era impossível simplesmente deixar passar

Até por que essa estória tinha um requinte,
Que para os meus padrões seria um acinte,
Imagino coitada como deve ter sido bizarro,
Depois de tanto tempo ter que me aturar num sarro

Anos antes da viadagem mostrar sua nuance,
Ele e a minha namorada haviam tido um lance,
E eu com meu sarcasmo quase nada ácido,
Em respeito não fui explícito, mas não deixei de ser tácito

E assim registrou-se o episódio em minha mente,
Claro portanto que não tornaria a vê-lo novamente,
Seguiu-se a vida com seu jeito inebriante,
De mostrar como tudo pode mudar a cada instante...

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