sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Meu perrengue minha vida

Há quem diga que vive no paraíso,
Mesmo sem me dar motivo para isso,
E quando afirmo não ver nenhum sentido,
Ainda conseguem ficar indignados comigo

Vejamos então quem teria razão,
Expondo o tema a um amplo debate,
Quem sabe com mais alguma opinião,
A idéia de um o outro então acate

Você diz que a intenção é ter um teto,
Eu respondo que faltou talvez um certo tato,
Sua necessidade é um problema concreto,
Mas a questionabilidade da solução é outro fato

Vais passar a vida inteira apenas pagando,
Por um espaço que em tese nunca será seu,
Sem contar o que viverás certamente aturando,
E nas vezes que se perguntará sobre onde se meteu

Abdicarás drasticamente da sua privacidade,
Neste ambiente incivilizadamente coletivo,
Onde até se encontra uma boa amizade,
Mas o infortúnio é bem maior que o atrativo

Tem o gênio que não sabe estacionar,
E cheio de compras te obriga a interfonar,
Ou a criança que berrando não para de chorar,
Seja por dor ou pelos pais sem sabê-la educar

Ou aqueles que desconhecem o bom senso,
E normalmente moram no andar de cima,
"Parecem andar matando baratas" é o que penso,
Ou esquecem da acústica quando esquenta o clima

Sem contar os tristes casos de vandalismo,
Normalmente atribuídos aos adolescentes,
Onde se detecta a pura falta de racionalismo,
Típica das pessoas com ímpetos delinquentes

Pena não ser uma coisa exclusiva deles,
Pois se fosse ao menos um dia passaria,
Pior são os adultos que ainda imitam eles,
Numa conduta que eu jamais aturaria

E como nada é tão ruim que não possa piorar,
Vem a reunião de condomínio para vos alegrar,
Vai começar a baixaria é bom se preparar,
Lá vem taxa extra de inadimplente pra pagar

E nem falei dos amantes da arte do fumo,
Seja esta admirada na escala que for,
Cuja fumaça te encontrará independente do consumo,
E te permitirá identificar o dono só pelo odor

Tem a comunidade que curte um cachorro,
Que vai te enlouquecer sem prestar socorro,
Ou aquele amante do rock tocando bateria,
Que ao menos soubesse, ah que bom seria

E ultimamente uma ridícula novidade,
Retrato fiel da educação de nossa sociedade,
Fruto do esforço da tecnologia em atividade,
Que era pra ser apenas uma mera praticidade

Dos passatempos que o seu vizinho tenha,
Existe um que é descobrir qual a sua senha,
E entrando na rede sem fio sorrateiramente venha,
A usufruir daquilo que o orçamento não contenha

Não posso esquecer o clássico da ninfeta,
Quase sempre tida como a imaculada,
De quem poucos conhecem a verdadeira faceta,
Na madrugada ou depois do alcool ingerido na balada

Ou seja, além das poucas coisas aqui reunidas,
Ainda irás lidar com alguns pecados capitais,
Isso pra não dizer da lista toda bem unida,
Será que realmente preciso falar mais?

Se pelo menos o advento de ter segurança,
Pudesse do seu argumento ser esperança,
Porém até este do seu tapete eu puxo,
Afinal o que mais se assalta é predio de luxo...

E antes que me acusem de ser antissocial,
Saliento que já morei por 13 anos em apartamento,
Portanto tenho conhecimento  comportamental,
Para dissertar sobre como é na prática esse tormento

Como gosto é pessoal e logo indiscutível,
Não critico os que acham essa vida plausível,
Só sugiro aos que estão começando agora,
Refletir antes de comprar e querer ir embora

Quem sabe uma casa um pouco mais afastada,
Porém com uma qualidade de vida avançada,
Teoricamente entretanto reduzindo a comodidade,
Mas assegurando bastante a almejada tranquilidade...

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