segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Teledrama

Antigamente era moda na comunicação,
Que eu acreditava obsoleta pela evolução,
Mas vendo o monte que tenho de reclamação,
Temo que o telegrama reviva na sua função

Ele era rápido naquela resumida grafia,
Mas dizia sem rodeio o que realmente queria,
Problema que hoje parece ter forte apelação,
Se passar de três frases tudo virou "textão"

Ninguém se dá mais ao trabalho de ler,
Salvo os que o fazem por buscar o prazer,
Como pretendem aprender sem se informar,
É a dúvida que tenho até medo de me perguntar

Dissertar virou quase sinônimo de antipatia,
Se escreve muito vira alvo da "textofobia",
Perde o direito e o tesão de se compartilhar,
Por não ter mais quem venha a se identificar...

O jeito será reunir-se um grupo seleto,
E manter um contato quase que secreto,
Como no obscuro e clássico cenário da seita,
Só pra poder respirar num ambiente que te aceita...


Triste futuro no ar a pairar...

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Darwin já dizia...

Olha aí guerreiros do corredor da carne...o patrão ama voceeesss..

Atenção lado A e lado B:
Se isso lhe pareceu familiar,
Então essa vai para você,
Que tem o dom de agir sem pensar

Tem um evento bem no seu perfil,
Marcado na cidade e prestes a começar,
Pra participar basta ser um imbecil,
Já que de cérebro não irás precisar

Tem de tudo que te parece atraente,
Cachorra, gatinha e também adolescente,
Por incrível que pareça vai até deficiente,
Mas o louco mesmo é recém parturiente

O argumento utilizado pela maioria,
É o atrativo do custo x benefício,
Que nunca explicou por que então seria,
Nunca ter valido tamanho sacrifício

Que atire a primeira lata de ervilha,
Quem achar lúcido submeter a pequena filha,
Ao sabor ensandecido daquela matilha,
Só pra conseguir um saco de lentilha

Ou pegar alguém que nem falar sabe,
Portanto sequer poderia se defender,
E usar sob o argumento de prioridade,
Usando a fila que o direito lhe diz ter

Afinal a histeria que toma conta do local,
Além de ser algo que beira muito o animal,
Se propaga ao redor de maneira quase radial,
Mesmo quem não quer estar acaba se dando mal

Eu não pretendia mas não consigo passar,
Tem 700 que gostariam e não podem estacionar,
O que pensa em desistir já não tem como voltar,
Isso no calor, sogra, mulher e criança a chorar

"Ah mais eu economizei 80 conto, me chama de burro agora?"
Parabéns seu retardado, contabilizou o que está de fora?
O tempo de carro ligado, o risco e o aborrecimento?
Sem contar na proximidade do prazo de vencimento?

Se houve um lucro líquido foi perto do zero,
Todo o seu esforço teve o nada como fim,
Não sou o dono da verdade e nem quero,
Porém só lamento se desacreditas em mim

E pensar que todo ano a cena se repete,
Logo é plausível concluir que o projeto agrada,
Sem a intenção de julgar pois nem me compete,
Apenas observando como o sensato se degrada...

A lente da verdade...

Essa foi uma tensa que me aconteceu,
Que poderia atribuir facilmente a um "amigo meu",
Mas não tenho vergonha de contar já que o cérebro não esqueceu,
De uma noite reveladora em que um cidadão se comprometeu...

Era um começo de relacionamento,
Com toda a pompa pertinente a situação,
Ainda nos cem por cento de aproveitamento,
Tudo certo para se fazer qualquer solicitação

E assim atendendo a um pedido inusitado,
Tive em minha casa um hóspede camuflado,
Era um grande amigo da minha namorada,
Pelo menos esta me fora a versão apresentada

Paralelo a isso naquele abafado fim de ano,
Também vieram sogra e cunhada se juntar ao grupo,
Tendo o reveillon na praia como pretenso plano,
Eu mal saberia mas me tornaria bendito o fruto

Vinte e quatro horas antes na saideira,
Todos na boate para alegria e bebedeira,
Eis que subitamente acontece uma mudança ligeira,
E o comportamento do menino se enche de besteira

Sob efeito da cachaça a verdade sempre se revela,
O rapaz paga de macho mas era de fato uma gazela,
Dando em cima de outro cara se viu desmascarado,
Disfarçou e voltou querendo dar uma de tarado

Queria investir na incrédula cunhada novinha,
Num claro sinal de quem perdia a linha,
Perplexas a mãe e a outra filha se olhavam,
Sem saber como reagir ao que seus olhos testemunhavam

Meu pensamento se dividia entre a proteção das três,
E a vontade de arrebentar ele de vez,
A zoação certamente deixaria pra mais tarde,
Não era hora de fazer mais nenhum alarde

O resumo da ópera é que a pessoa deu a louca,
E a contragosto a reboquei de volta pra casa,
Aturei mão na bunda e minha ira não era pouca,
Mas pelo racional é isso que a gente passa

A cena no amanhecer era triste por si só,
Contorcido e vomitado parecia ter dado um nó,
Por mais que eu tentasse não sacanear,
Era impossível simplesmente deixar passar

Até por que essa estória tinha um requinte,
Que para os meus padrões seria um acinte,
Imagino coitada como deve ter sido bizarro,
Depois de tanto tempo ter que me aturar num sarro

Anos antes da viadagem mostrar sua nuance,
Ele e a minha namorada haviam tido um lance,
E eu com meu sarcasmo quase nada ácido,
Em respeito não fui explícito, mas não deixei de ser tácito

E assim registrou-se o episódio em minha mente,
Claro portanto que não tornaria a vê-lo novamente,
Seguiu-se a vida com seu jeito inebriante,
De mostrar como tudo pode mudar a cada instante...

terça-feira, 4 de outubro de 2016

O perigo ronda a cama...

Ela chegou em casa
Me deu um abraço bom,
Fiz uma janta básica,
O frio ditava o tom

Dei até uma certa variada,
Pra ver se o novo agradava,
Acho que acertei na pegada,
Quase que a panela esvaziava

Buchinho cheio bateu a preguiça,
Vamos deitar na famosa conchinha,
Nada recomendável segundo a premissa,
Mas quem discorda da sua pancinha?

A noite segue conforme o previsto,
O clima sugere um vinho como bem quisto,
Vou ali na madrugada, o intestino faz um som,
Quando volto para a cama.. Ela roubou meu edredom

E agora o que se deve fazer:
Esperar ate o dia amanhecer,
Deixar o corpo começar a tremer,
Ou reivindicar meu direito ao aquecer?

Eu ia virar pro meu cantinho,
Ficar esperando bem no sapatinho,
Mas no movimento ninja do gatinho,
Aguardei uma ajeitada e recuperei um pedaçinho

Ufa escapei dessa vez,
Mas vou falar uma coisa "procês"
Esse negócio de dormir junto pode ser gostoso,
Só dar mole com seu king size que é perigoso... ;)

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Eleições 2016

Apesar do tanto que se pediu,
Do muito que por aí se debateu,
Pelo jeito que aqui se decidiu,
De qualquer modo a gente se fodeu

Muitos de nós não quiseram participar,
E quem o fez não soube aproveitar,
O resultado é que todos vão penar,
Resta saber a quem teremos de aturar

Até conseguiu-se alguma evolução,
Mas nada perto do que era necessário,
Tirar apenas o partido da situação,
Foi pouco para evitar um futuro temerário

Agora teremos como triste tema,
Praticar o difícil exercício do dilema,
Entre aquele que reprime o povo da vela,
E o que da sua mansão jura que é da favela

Se fosse analisar a ambos isoladamente,
Já seria motivo para um pranto comovente,
Mas sabendo das coligações existentes,
O desespero que me bate vem fortemente

No auge da utopia da minha reflexão,
O ideal viria em forma de nova eleição,
Mas não adianta dar outra chance a ignorância,
Desperdiçou-se mais uma: ponto pra militância...

Comunica a ação...

Era uma vez uma certa empresa,
Que possuía o visual como beleza,
Com muita gente boa com certeza,
Mas nem todos, falando com franqueza,

Gostava muito de adotar procedimentos,
Mas não necessariamente dar prosseguimentos,
Preocupava-se muito com o acontecer,
Independente de como seria para fazer

Embalada pelo espirito de um determinado momento,
Deu o aval para que tudo fosse providenciado,
Encontrou pela frente quem tinha comprometimento,
E assim teve seu projeto entregue e acabado

Mas de quem menos se esperava tal comportamento,
Eis que se revela uma face no mínimo controversa,
Na hora de retribuir com o merecido pagamento,
Ela recua com uma tática deveras perversa

E ainda queria exigir que fosse dada manutenção,
Mesmo tendo deixado seu próprio projeto na mão,
Se isso não puder ser definido como falta de noção,
Confesso desconhecer outro tipo de sugestão

E assim desta forma tristemente desamparada,
O suporte se viu obrigado a dar uma parada,
Mesmo que volte, de uma forma aparada,
Infelizmente não será como antes, se comparada

Existe uma coisa chamada confiança,
Que se adquire através de outra, respeito,
Nunca será plena qualquer tipo de aliança,
Se em alguma das partes houver algum rejeito

Profissionalismo e responsabilidade eu tenho,
Isso vem de berço lá da terra de onde venho,
Trabalhar para poder prover é uma necessidade,
Mas existe um filtro no meio que se chama dignidade

Na relação entre cliente e fornecedor,
Não precisa haver amizade ou amor,
Cordialidade é boa ninguém há de se opor
E pagamento é obrigação e não um favor

O mais louco de toda essa estória,
É ter nos registros de minha memória,
Que teoricamente sua forma de atuação
Vem justamente de explorar a comunicação...